quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Sobre os miseráveis. Viviane Forrester.

"Cada um é prisioneiro desse corpo a alimentar, abrigar, cuidar, fazer existir e que incomoda dolorosamente. Lá estão eles com sua idade, seus pulsos, seus cabelos, suas véias, a complicada delicadeza de seu sistema nervoso, seu sexo, seu estômago. Seu tempo deteriorado. Seu nascimento que foi para cada um o começo do mundo, a beirada da duração que os conduziu até aqui".

O egoísmo humano é amedrontador.

"O HORROR ECONÔMICO" de Viviane Forrester, romancista, ensaísta e crítica literária do jornal Le Monde de París.

O "Horror Econômico" de Viviane Forrester é um livro amplo no que se trata da miséria humana. A autora aponta muito bem as várias facetas do sistema capitalista com muita ironia e poesia para dar voz aqueles que não sabem se expressar porque nunca aprenderam engolindo sempre o que lhe jogam goela à baixo. A miséria humana está a um passo dos grandes cassinos, clubes de luxo, hotéis cinco estrelas, mansões de magnatas, e nós aceitamos com uma resignação de uma ferida que deixou sua cicatriz para sempre em nossa memória. Quando lembrada (a miséria) não causa nem dor mais, apenas uma frase silenciosa surge vagando em nossas mentes onde diz: "A vida é injusta, que triste". Em suas palavras, como uma dor absurda que grita na escrita, ela usa poesia e toca aqueles que ainda preserva a sua sensibilidade não deixando esse "racionalismo" dominar seu corpo e mente. Aqui, eu aponto duas de suas frases, tirada de seu livro "O Horror Econômico",onde percebemos tamanha indignação: "Quando jovem, uma energia que é imediata e incessantemente desprezada, castrada; quando velho, uma fadiga que não encontra lugar de repouso, o mínimo bem-estar, nem a menor consideração". "Não existe pior angustia que a esperança". P.36-37 do livro.