quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Slavoj Zizek: "A liberdade da internet é falsa"

Um dos pensadores mais polêmicos da atualidade,
o filósofo esloveno diz que a sociedade digital é dominada por
empresas e que nela não há democracia

O filósofo esloveno Slavoj Zizek escolheu um lugar inusitado para gravar a entrevista para um documentário em São Paulo. Enquanto os produtores debatiam, Zizek sugeriu: “Por que não fazem a entrevista comigo sentado numa privada? Dizem que eu falo muita m..., então é o lugar ideal!”. O episódio resume o espírito de seu protagonista: é um provocador que sabe manipular as aparências. Profundo e às vezes até incompreensível em seus textos, Zizek recorre com frequência a temas pop para explicar suas convicções. “Kung Fu Panda, por exemplo, tem toda aquela ideologia de kung fu por trás, mas é emblemático de nossa sociedade: tudo se resume à luta e à comida”, diz ele. O polemista admite que, às vezes, é provocador: “Eu gosto de complicar as coisas”. No Brasil para uma série de palestras e o lançamento de dois livros, Zizek recebeu ÉPOCA no saguão de um hotel de luxo em Copacabana, de frente para o mar. De jeans e camiseta, bem-humorado, afirmou que não existe sociedade completamente livre, defendeu um debate sobre o modelo econômico mundial e chamou o diretor David Lynch de idiota.

ÉPOCA – O senhor tem criticado a nova tendência de armazenar as informações em grandes computadores externos (as “nuvens”), e não mais nos computadores pessoais. Isso não é paranoia?
Slavoj Zizek – Não é para transformar em paranoia, mas é um perigo. O que eu digo é que pensamos na internet como um espaço público e aberto, mas ela não é isso. É um espaço privado. Gostamos de dizer que nosso uso da internet é aberto, em contraste, por exemplo, com o que é feito na China.

ÉPOCA – Mas qualquer um pode abrir um site, escrever o que quiser...
Zizek – E isso sempre estará vinculado a alguma empresa. É uma falsa ilusão de espaço público. É mais ou menos como um shopping: é público, mas existe exclusão. O espaço é controlado por uma empresa, está dentro de uma cúpula, controlado.

ÉPOCA – Então não somos livres?
Zizek – Tudo é permitido, mas nem tanto. Recentemente, na China, eles proibiram na TV histórias que tivessem viagens no tempo e realidades alternativas. A explicação oficial é que a história é uma coisa muito séria para ser submetida a esse tipo de ficção. Na verdade, eles têm medo de que as pessoas possam simplesmente pensar que a realidade poderia ser diferente. Aqui não temos esse tipo de controle, mas existem áreas onde não é possível pensar em realidades diferentes.

ÉPOCA – Quais?
Zizek – Nós achamos que quase tudo é possível na tecnologia. Viajar pelo espaço, clonar, fazer crescer órgãos, usar células-tronco. Mas, na economia, se você propuser qualquer alternativa, eles dizem: “Não! É impossível. Você não pode nem pensar nisso”. Até a esquerda aceita que a receita liberal, do jeito que é, está certa.

ÉPOCA – Isso não é um paradoxo, já que temos informações de todas as partes do mundo, ainda mais com a internet?
Zizek – Um exemplo: como a imprensa trata a questão do Oriente Médio? A imprensa vai lá quando algo está acontecendo. O ideal seria saber o que acontece lá quando nada está acontecendo. Como é a vida quando nada que interessa à mídia está acontecendo. Aí é que estará o verdadeiro horror. De repente, do nada, ocorre algo e a mídia vai correndo e todos se perguntam: “Por que aconteceu isso?”. Não deveríamos ser tão fascinados apenas pelo que está acontecendo. Olhe o que está por trás, o que acontece quando nada acontece.

ÉPOCA – A democracia e a liberdade de escolha nos protegem?
Zizek – A democracia funciona assim: é um pacto secreto entre as pessoas e a elite. As pessoas não querem decidir de verdade. Eles querem que alguém diga o que fazer, mas querem manter a aparência de que estão decidindo. Toda pessoa tem medo de decidir. É difícil ser realmente livre e decidir. É um pesadelo. Quer dizer que você tem de assumir completamente a responsabilidade.
"Nós achamos que quase tudo é possível
na tecnologia. Mas, na economia,
se você propuser qualquer alternativa,
eles dizem que é impossível"

PRODUÇÃO
Dois livros de Zizek lançados no Brasil.
Ele analisa a cultura contemporânea

ÉPOCA – O senhor já provocou polêmica ao dizer que Hitler não foi violento o suficiente. Acha que a liberdade é poder dizer coisas assim?
Zizek – Admito que eu gosto de provocar, mas não disse isso no sentido literal. As pessoas quase tiveram um ataque do coração quando eu disse que o problema de Hitler é que ele não foi violento o suficiente. Meu ponto é simples: Gandhi foi mais violento do que Hitler. A verdadeira violência é a violência da mudança social. Hitler fez o que fez para evitar uma mudança social. Nesse sentido, ele foi basicamente um covarde, mesmo tendo matado milhões.

ÉPOCA – O que o senhor acha das críticas a Lars Von Triers, que disse que entendia Hitler?
Zizek – Não devemos ser livres para celebrar Hitler, nada disso. Claro que Hitler fez coisas horríveis. No caso de Lars tem outra questão: o artista deve ser julgado pelo que ele faz. Eu odeio essa ideia de que, se você conversar com um diretor ou com um autor, você vai descobrir algo incrível, algum segredo. O que eles sabem está no que eles produzem. Muitos deles são idiotas. David Lynch, francamente, é um idiota. Ele está agora numa empreitada para coletar milhões de dólares para construir uma imensa cúpula de meditação porque ele acha que se mais de dez pessoas meditarem num lugar isso vai liberar energia que vai trazer paz ao mundo. Mas nos filmes ele é um gênio.

ÉPOCA – O senhor também já tentou resgatar reputações como a de Lênin e Robespierre. Por que defender figuras tão controversas?
Zizek – Eu disse claramente: Lênin está morto, o comunismo do século XX é passado, foi um fracasso. Eu apenas tentei entender a tragédia do comunismo. Uma imensa onda de liberdade e emancipação explodiu e terminou como um terror impensável. Estamos cientes do que a revolução de outubro trouxe em termos de emancipação, de liberdade. Falo da revolução em si. O que veio depois, veio depois. Eu não aceito a forma como algumas figuras são pintadas.

ÉPOCA – O que acha de Bin Laden?
Zizek – Lênin, Bin Laden, onde você vê conexão? É o oposto. Como Bin Laden veio? Bin Laden era como um agente da CIA. Os Estados Unidos criaram Bin Laden. O Afeganistão era o mais tolerante dos países do Oriente Médio. Tinha uma tradição de tolerância religiosa. Havia muçulmanos, budistas, inclusive visitavam uns aos outros. Para lutar contra os comunistas, os Estados Unidos se uniram aos fundamentalistas. Olhe para os Estados Unidos. O sistema deles gerou o fundamentalismo.
 
SLAVOJ ZIZEK
QUEM É
Slavoj Zizek, de 62 anos, é filósofo e crítico esloveno
O QUE FEZ
É autor de vários livros. Considera sua obra-prima A visão em paralaxe, sobre o deslocamento aparente de um objeto, quando, na verdade, quem mudou de posição foi o observador
O QUE PUBLICOU
Está no Brasil para lançar os livros Primeiro como tragédia, depois como farsa e Em defesa das causas perdidas, ambos pela editora Boitempo

Slavoj Zizek filósofo e teórico crítico esloveno.


Use suas ilusões contra os cínicos

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Use suas ilusões contra os cínicos
A razão por que a vitória de Obama gerou tamanho entusiasmo não está apenas em que, contra todas as chances, realmente aconteceu: ela demonstrou a possibilidade de que uma coisa dessas acontecesse. O mesmo vale para todas as rupturas históricas.
Noam Chomsky convocou as pessoas a votarem em Obama “sem ilusões”. Eu compartilho plenamente as dúvidas de Chomsky quanto às conseqüências reais da vitória de Obama: de uma perspectiva pragmática, é bastante possível que Obama faça algumas melhoras, tornando-se um “Bush com uma cara humana”. Ele seguirá as mesmas políticas básicas num modo mais atrativo e então efetivamente fortalecerá a hegemonia norte-americana, danificada pela catástrofe dos anos Bush.

Há, contudo, algo profundamente errado nessa reação – uma dimensão chave está faltando na vitória de Obama. É que não se trata apenas da eterna luta pela maioria parlamentar, com todos os cálculos pragmáticos e manipulações envolvidas. É um signo de algo mais. É por isso que um amigo meu norte-americano, um esquerdista radical sem ilusões, chorou quando as notícias anunciaram a vitória de Obama. Quaisquer que sejam nossas dúvidas, por um momento cada um de nós estava livre e participando da liberdade universal da humanidade.

No "Conflito das Faculdades", Kant faz uma pergunta difícil mas simples: há realmente progresso na história? (ele queria dizer progresso ético, não apenas desenvolvimento material). Ele concluiu que o progresso não pode ser provado, mas podemos discernir signos que indicam que o progresso é possível. A Revolução Francesa foi um signo desses, apontando a direção da possibilidade da liberdade: o que antes era impensável aconteceu, uma totalidade de pessoas afirmaram sua liberdade e igualdade corajosamente.

Para Kant, ainda mais importante que a – sempre sangrenta – realidade do que se passou nas ruas de Paris foi o entusiasmo que os eventos na França ofereceu aos olhos dos simpáticos observadores em toda a Europa e em lugares distantes como o Haiti, em que esses acontecimentos engatilharam outro evento histórico-mundial: a primeira revolta de escravos negros. Possivelmente o momento mais sublime da Revolução Francesa ocorreu quando a delegação haitiana, liderada por Toussaint l'Overture visitou Paris e foi entusiasticamente recebida pela Assembléia Popular como iguais dentre iguais.

A vitória de Obama é um signo da história no triplo sentido kantiano de signum rememorativum, demonstrativum, prognosticum. Um signo no qual a memória do longo passado de escravidão e da luta por sua abolição reverbera; e um evento que agora demonstra uma mudança; uma esperança para conquistas futuras. O ceticismo apresentado por trás das portas fechadas mesmo de progressistas angustiados – e se, na privacidade da cabine de votação, o racismo publicamente repudiado reemergisse? - provou-se errado. Uma das coisas interessantes a respeito de Henry Kissinger, o mais recente realpolitiker cínico é como a maior parte de suas previsões estava errada. Quando as notícias do golpe militar anti-Gorbachov de 1991 chegaram ao Ocidente, por exemplo, Kissinger imediatamente aceitou o novo regime como um fato. Ele colapsou ignominiosamente três dias depois. O cínico paradigmático conta a ti confidencialmente: “Mas não vês que tudo, na verdade, diz respeito a dinheiro/poder/sexo, que declarações de princípios ou de valores são apenas frases vazias que não contam para nada?" O que os cínicos não vêem é a sua própria ingenuidade, a ingenuidade de sua sabedoria cínica que ignora o poder das ilusões.

A razão por que a vitória de Obama gerou tamanho entusiasmo não está apenas em que, contra todas as chances, realmente aconteceu: ela demonstrou a possibilidade de que uma coisa dessas acontecesse. O mesmo vale para todas as rupturas históricas – pense na queda do muro de Berlim. Mesmo que todos nós soubéssemos da ineficiência corrupta dos regimes comunistas, não acreditamos realmente que ele iria se desintegrar – como Kissinger, éramos todos vítimas do pragmatismo cínico. A vitória de Obama era claramente previsível desde pelo menos duas semanas antes das eleições, mas ainda assim foi experienciada como uma surpresa.

A verdadeira batalha começa agora, depois da vitória: batalha pelo que essa vitória efetivamente significará, especialmente no contexto de dois eventos nefastos: o 11/9 e o atual derretimento financeiro, como uma instância da história que se repete, a primeira vez como tragédia, a segunda, como farsa. O discurso do presidente Bush aos norte-americanos depois do 11 de Setembro e depois do derretimento financeiro soaram como duas versões da mesma fala. Em ambos os momentos, ele evocou a ameaça ao american way of life e à necessidade de resposta rápida e decisiva. Em ambas as vezes, solicitou a suspensão parcial dos "valores americanos" (garantias para a liberdade individual, capitalismo de mercado) para salvar esses valores. De onde vem essa similaridade?

A queda do muro de Berlim em 9 de novembro de 1989 marcou o começo dos “felizes anos 90”. De acordo com Francis Fukyama a democracia liberal tinha, em princípio, vencido. A era é geralmente vista como tendo chegado ao fim em 11 de Setembro. Contudo, parece que a utopia teve de morrer duas vezes: o colapso da democracia política liberal em 11 de Setembro não afetou a utopia do capitalismo de mercado global, que agora chegou ao fim.

O derretimento financeiro tornou impossível ignorar a irracionalidade gritante do capitalismo global. Na luta contra a AIDS, a fome, a falta de água ou o aquecimento global, podemos reconhecer a urgência do problema, mas sempre é momento para refletir, para adiar decisões. A conclusão mais importante do encontro de líderes em Bali para conversar sobre mudança climática foi celebrada como um sucesso, a de que deveriam se encontrar de novo em dois anos para continuar as conversações.

Porém, com o derretimento financeiro, a urgência foi incondicional; uma soma além da imaginação foi imediatamente encontrada. Salvando espécies em extinção, salvando o planeta do aquecimento global, encontrando uma cura para a AIDS, salvando as crianças famintas...tudo isso pode esperar um pouco, mas “Salve os bancos!” é um imperativo incondicional que requer se tome providências imediatas. O pânico foi absoluto. Uma unidade transnacional e não-partidária foi imediatamente estabelecida, sem ressentimentos.

Compare os 700 bilhões de dólares gastos para estabilizar o sistema bancário só pelos EUA aos 22 bilhões de dólares suplicados às nações ricas para ajudar às pobres a superar sua crise alimentar, dos quais apenas 2,2 bilhões foram concedidos. A culpa pela crise alimentar não pode ser atribuída aos suspeitos usuais de corrupção, ineficiência ou intervencionismo estatal. Até Bill Clinton sabia que “somos todos culpados, inclusive eu”, ao tratar da produção de alimentos como commodities, no lugar de um direito vital dos países pobres. Clinton foi muito claro ao culpar não apenas estados ou governos, mas a política ocidental de longo prazo, imposta pelos EUA e pela União Européia e decretadas pelo Banco Mundial, FMI e outras instituições internacionais.

Países da África e da Ásia foram pressionados a derrubar os subsídios governamentais aos produtores, abrindo o caminho para que as melhores terras fossem usadas no lucrativo plantio para exportação. O resultado desse tipo de “ajuste estrutural” foi a integração da agricultura local na economia global: safras foram exportadas, agricultores foram expulsos de suas terras e levados ao trabalho em condições de escravidão, e os países mais pobres tiveram de importar cada vez mais comida. Dessa maneira, foram postos numa dependência pós-colonial, vulneráveis a flutuações de mercado – preços exorbitantes de grãos (causados em parte pelo uso para os biocombustíveis) têm significado fome nesses países, do Haiti a Etiópia.

Clinton está certo ao dizer que “comida não é uma commoditie como as outras. Deveríamos retomar uma política de auto-suficiência alimentar. É loucura para nós pensar que podemos desenvolver países ao redor do mundo sem aumentar sua capacidade de alimentarem a si mesmos”. Há pelo menos duas coisas a acrescentar aqui. Primeiro, os países desenvolvidos do Ocidente tomaram muito cuidado em manter sua própria auto-suficiência alimentar através do subsídio financeiro aos seus produtores (subsídios agrícolas constituem quase metade de todo o orçamento dos EUA). Segundo, a lista de coisas que “não são commodities como as outras” é muito maior: afora os alimentos (e a defesa, como todos os patriotas sabem), há água, energia, meio-ambiente, cultura, educação, saúde – quem tomará decisões quanto a essas coisas, se elas não podem ser deixadas para o mercado? É aqui que a questão do comunismo tem de ser levantada, de novo.

A matéria de capa na Time de 5 de junho de 2006 foi “A Lista de Mortos em Guerra no Mundo” - um relato detalhado da violência política que matou 4 milhões de pessoas no Congo ao longo da última década. Nenhuma onda de ajuda humanitária se seguiu; só umas duas cartas de leitores. Time escolheu a vítima errada: deveria ter mirado em mulheres muçulmanas ou em monges tibetanos. A morte de uma criança palestina, para não mencionar a de uma israelense ou norte-americana, vale milhares de vezes mais centímetros de colunas do que a morte de congoleses anônimos. Por que?

Em 30 de outubro, a Associated Press fez uma reportagem na qual Laurent Nkunda, o general rebelde que sitiou a capital da província do leste, Goma, disse que ele queria falar diretamente com o governo sobre suas objeções à ajuda de um bilhão de dólares dada pela China para ter acesso à vasta riqueza mineral do país em troca de ferrovias e rodovias. Questões neocoloniais à parte, esse acordo põe uma ameaça vital aos interesses dos senhores da guerra locais, à medida que cria as bases para a infra-estrutura da República Democrática do Congo como um estado unido funcional.

Em 2001, uma investigação da ONU sobre a exploração ilegal de recursos naturais no Congo descobriu que o conflito no país gira fundamentalmente em torno do acesso, controle e comercialização de cinco minerais-chave: coltan (combinação de duas palavras que descrevem a columbita e a tantalita, minerais altamente cobiçados), diamantes, cobre, cobalto e ouro. De acordo com essa investigação, a exploração dos recursos naturais no Congo pelos senhores da guerra locais e por exércitos estrangeiros era “sistemática e sistêmica”. O exército de Ruanda fez no mínimo 250 milhões de dólares em 18 meses, vendendo coltan, que é usado para fazer celulares e laptops. A investigação concluiu que a guerra civil permanente e a desintegração do Congo “criaram uma situação em que todos os beligerantes ganham. O único a perder nesse negócio monumental é o povo congolês”. Por trás da fachada de uma guerra étnica, discernimos então os contornos do capitalismo global.

Entre os grandes exploradores estão os Tutsis de Ruanda, as vítimas do genocídio há 14 anos. No começo deste ano, o governo de Ruanda publicou documentos que demonstravam a cumplicidade da administração Miterrand com o genocídio: a França apoiou o plano Hutu para tomar o controle, inclusive fornecendo-lhes armas, a fim de retomar a influência perdida pelos anglófilos Tutsis. A negação da França dessas acusações, como sendo totalmente infundadas foi, para dizer o mínimo, ela mesma sem fundamento. Trazer Miterrand para o Tribunal de Haia, mesmo postumamente, quebraria uma barreira fatal, ao julgar um líder político ocidental que se pretendia protetor da liberdade, da democracia e dos direitos humanos.

Nas últimas semanas tem havido uma extraordinária mobilização da ideologia dominante para combater as ameaças à ordem atual. O economista neoliberal francês Guy Sorman, por exemplo, disse recentemente numa entrevista na Argentina que “a crise será bastante curta”. Ao dizer isso, Sorman está obedecendo à exigência básica no que concerne ao derretimento financeiro: renormalizar a situação. Como ele disse num outro lugar, essa substituição sem fim do velho pelo novo – conduzida pela inovação tecnológica e pelo empreendedorismo, eles próprios encorajados pelas boas políticas econômicas – trazia prosperidade, mesmo que aqueles deslocados pelo processo cujos empregos se tornaram redundantes possam, compreensivelmente, oferecer-lhe objeção. (Essa renormalização coexiste com seu oposto: o pânico das autoridades em tornar o público pronto a aceitar a solução – obviamente injusta – proposta como inevitável.) Sorman admite que o mercado é cheio de comportamento irracional, mas rapidamente acrescenta que “seria absurdo usar o comportamento econômico para justificar a restauração das excessivas regulações estatais. Afinal de contas, o estado não é mais racional que o indivíduo, e suas ações podem ter consequências enormemente destrutivas”. Ele continua:

Uma tarefa essencial para os governos democráticos e para os construtores de opinião, quando confrontados com ciclos econômicos e pressões políticas é assegurar e proteger o sistema que tem servido tão bem à humanidade, e não mudá-lo para pior, sob o pretexto de sua imperfeição. Ainda, essa lição é sem dúvida uma das mais difíceis de traduzir na linguagem em que a opinião pública aceitará. O melhor dos sistemas econômicos possíveis é na verdade imperfeito. Quaisquer que sejam as verdades descobertas pela ciência econômica, o livre mercado é afinal apenas o reflexo da natureza humana, ela mesma dificilmente perfeita.

Raramente a função da ideologia foi descrita em termos tão claros: para defender o sistema existente contra quaisquer críticas sérias, legitimá-lo como uma expressão direta da natureza humana.

É improvável que o derretimento financeiro de 2008 funcione como uma bênção aparente, o despertar de um sonho, uma lembrança sóbria de que vivemos na realidade do capitalismo global. Tudo isso depende de como será simbolizado, em que interpretação ideológica ou histórica vai se impor e determinar a percepção geral da crise. Quando o curso normal das coisas é traumaticamente interrompido, o campo é aberto para uma competição ideológica “discursiva”. Na Alemanha de fins dos anos 20, Hitler venceu a competição para determinar qual narrativa explicaria as razões da crise na República de Weimar e o modo de sair dela; na França em 1940 a narrativa do marechal Pétain venceu a batalha para encontrar as razões da derrota francesa.

Conseqüentemente, para pôr em termos marxistas fora de moda, a tarefa principal para a ideologia dominante na atual crise é impor uma narrativa que não jogará a culpa pelo derretimento no sistema do capitalismo global como tal, mas em seus desvios – regulação frouxa, corrupção das grandes instituições financeiras, etc.

Contra essa tendência, deveria insistir-se na questão-chave: qual “o defeito” do sistema que o torna de tal modo vulnerável à possibilidade dessas crises e colapsos? A primeira coisa a ter em mente aqui é que a origem da crise é “benevolente”: depois da bolha tecnológica de 2001, a decisão nas agendas dos partidos foi a de facilitar o estado real dos investimentos, a fim de manter a economia funcionando e de evitar recessão – o derretimento dos dias atuais é o preço pelo EUA ter evitado uma recessão sete anos atrás.

O perigo é, então, que a narrativa predominante do derretimento não seja uma que nos acorde de um sonho, mas que nos permita continuar sonhando. E é aqui que deveríamos começar a nos preocupar: não apenas com as conseqüências econômicas do derretimento, mas com a óbvia tentação de revigorar a “guerra ao terror” e o intervencionismo norte-americano para que a economia continue funcionando. Nada foi decidido com a vitória de Obama, mas ela amplia nossa liberdade e, portanto, o objetivo de nossas decisões. Não importa o que aconteça, permanecerá um signo de esperança, na contramão desses tempos de trevas; um signo de que a última palavra não pertence ao cínico realista, da direita ou da esquerda.

Publicado originalmente na London Review of Books, em 14 de novembro de 2008

*Slavoj Zizek é filósofo e psicanalista. Também é co-dirigente do International Centre for Humanities at Birkbeck College. Seu livro mais recente é In Defence of Lost Causes [Em Defesa das Causas Perdidas] (Verso). Tem vários trabalhos publicados no Brasil, entre eles, Às Portas da Revolução – escritos de Lenin de 1917 e Bem-vindo ao deserto do real, ambos pela Boitempo Editorial.

Tradução: Katarina Peixoto

Fonte: Agência Carta Maior

AUMENTO DE SALÁRIO DE VEREADORES DE CAMPINAS EM 126%.


Campinas, 12 de Dez de 2011, 21:20. MAIOR SENTIMENTO DE REVOLTA, IMPOTÊNCIA E NOJO QUE JÁ SENTI NA VIDA. Cheguei agora da Câmara, onde os vereadores de Campinas acabaram de votar o aumento de 126% no próprio salário. O ABSURDO FOI TÃO GRANDE! Tudo que era votado eles apresentavam o número da proposta e o nome, nessa eles falaram apenas o número, não o nome, e ainda por cima, alguns assessores no meio da platéia fizeram uma massa de manobra do Campo Grande começar a gritar "MACROZONA 5", que tava sendo discutida antes (de propósito, claro). Resultado: mal percebemos o que estava acontecendo e o aumento já tinha sido aprovado! Por 28 votos contra 2!!!!!!!!! Em seguida começamos as palavras de ordem "VERGONHA", entre muitas outras, e alguns jogaram ovos. Aí a guarda municipal veio pra cima com gás de pimenta e máquina de choque. 3 foram para a delegacia. A confusão foi geral, o clima era de revolta, de indignação. Gritamos para a polícia: "EI, SARGENTO, DE QUANTO FOI O SEU AUMENTO?" e "VOCÊ, FARDADO, TAMBÉM VAI SER ROUBADO!". E os bonitos dos vereadores, atrás da polícia, saíram RINDO DA NOSSA CARA, MANDANDO BEIJINHO, E O POLITIZADOR AINDA FEZ AQUELE GESTO COM AS MÃOS EM BAIXO DO BRAÇO, SABE? COMO QUEM DIZ "MAMATA". Eu sei que ele votou contra, MAS ELE FEZ ISSO! E todos estavam rindo da nossa revolta. Que nojo dessa escória da humanidade. GALERA, A ÚNICA COISA QUE PODEMOS FAZER É, NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES, LEMBRAR QUE APENAS 2 VEREADORES VOTARAM CONTRA ESTE ABSURDO. NENHUM DELES MERECE SER REELEITO. Será que vai dar pra lembrar disso? Ah, vai passar no jornal. Até eu dei entrevista na EPTV. Tô com dor de estômago de tanta raiva. POR FAVOR COMPARTILHEM PARA TODO MUNDO SABER O ABSURDO QUE FOI ARMADO POR ESSES PICARETAS. A FOTO FOI TIRADA DEPOIS DA CONFUSÃO. E PRA QUEM DUVIDOU DO QUE EU FALEI O QUE O POLITIZADOR FEZ: http://www.rac.com.br/multimidia/imagens/2011/12/12/montagem-votaram-contraG.jpg
ATUALIZAÇÃO: agora o presidente da câmara vem dizer que a população está desinformada, pq o aumento será compensado por uma redução da verba de gabinete. meu querido, se dá pra reduzir a verba, reduz e não aumenta o salário em 126%, o momento é de economizar!!!! além disso, a redução não vai ser do mesmo valor do aumento, será menor!! isso ele não disse (e estamos tão bem informados que já sabemos)! além disso ele disse q a função do aumento é tornar o salário atrativo. por que não tornamos o salário mínimo atrativo então? salário atrativo tem que ser o de professor!

PRIVATARIA TUCANA / LAVAGEM DE DINHEIRO.


O livro PIRATARIA TUCANA do jornalista Amaury Ribeiro Junior denuncia o PSDB em esquema de lavagem de dinheiro em paraisos fiscais no caribe. Entre outros, Serra e família são os mais beneficiados na propina. O governo de Fernando Henrique Cardoso, à epoca, era de corrupção escondida através das privatizações. Na entrevista concedida ao jornalista Paulo Henrique Amorim o Amaury Ribeiro abre o jogo e denuncia.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

É bom pensar.

Que tipo de justiça nós queremos? É preciso fazer essa pergunta todos os dias num país onde a corrupção virou coisa "normal". O filme de José Padilha ( Tropa de elite 1) nos mostra uma realidade, mas essa realidade implica outra muita mais perversa e causadora de uma desigualdade extrema onde se não pararmos para refletir melhor sobre o papel da justiça nós nunca sairemos desse impasse de violência e barbarie. A violência considerada "explícita" não é nada mais nada menos do que efeito daquela violência que muitos consideram "normal" e até querem fazer parte dizendo com sarcasmo "desse jeito vou me candidatar a político também" já que se sentem "inúteis" diante de tanta falta de justiça o que não justifica nada. Quando pararmos de pensar só no nosso próprio umbigo e entendermos que todos fazemos parte dessa sociedade e devemos participar da política do nosso país direta ou indiretamente com a mesma enfase então poderemos, quem sabe, viver numa sociedade melhor. A crítica que o vídeo do cantor Gabriel O Pensador faz ao filme é uma crítica viável e que precisa ser pensado por todos.


Obs: O vídeo foi produzido pelo próprio José Padilha.






Em duro comunicado, a Associação de Juízes para a Democracia critica postura do reitor da usp João Grandino Rodas, a quem consideram reacionário e sem diálogo com a universidade.

29 de Novembro de 2011 às 20:06
Claudio Tognolli_247 – Com a epígrafe citando a clássica frase É preciso solidarizar-se com “as ovelhas rebeldes”, a Associação Juízes para a Democracia emitiu nesta terça-feira um duro comunicado contra a a reitoria da USP. No documento, a entidade estabelece que segmentos da sociedade, que ostentam parcela do poder institucional ou econômico, com fundamento em uma pretensa defesa da legalidade, estão fazendo uso, indevidamente, de mecanismos judiciais, desviando-os de sua função, simplesmente para fazer calar os seus interlocutores e, assim, frustrar o diálogo democrático”.
Trata-se de um sutil golpe contra o reitor da USP, Grandino Rodas, cujo nome foi construído no mundo do direito e, sobretudo, no da magistratura. A entidade deixa claro o descontentamento contra a presença de forças policiais no campus da USP, no Butantã, para debelar focos de estudantes amotinados. E contra comportamento análogo adotado pela reitoria da Unicamp. Veja a íntegra da nota:
A ASSOCIAÇÃO JUIZES PARA A DEMOCRACIA - AJD, entidade não governamental e sem fins corporativos, que tem por finalidade trabalhar pelo império dos valores próprios do Estado Democrático de Direito e pela promoção e defesa dos princípios da democracia pluralista, bem como pela emancipação dos movimentos sociais, sente-se na obrigação de desvelar a sua preocupação com os eventos ocorridos recentemente na USP, especialmente em face da constatação de que é cada vez mais frequente no país o abuso da judicialização de questões eminentemente políticas, o que está acarretando um indevido controle reacionário e repressivo dos movimentos sociais reivindicatórios.
Com efeito, quando movimentos sociais escolhem métodos de visibilização de sua luta reivindicatória, como a ocupação de espaços simbólicos de poder, visam estabelecer uma situação concreta que lhes permita participar do diálogo político, com o evidente objetivo de buscar o aprimoramento da ordem jurídica e não a sua negação, até porque, se assim fosse, não fariam reivindicações, mas, sim, revoluções.
Entretanto, segmentos da sociedade, que ostentam parcela do poder institucional ou econômico, com fundamento em uma pretensa defesa da legalidade, estão fazendo uso, indevidamente, de mecanismos judiciais, desviando-os de sua função, simplesmente para fazer calar os seus interlocutores e, assim, frustrar o diálogo democrático.
Aliás, a percepção desse desvio já chegou ao Judiciário trabalhista no que se refere aos “interditos proibitórios” em caso de “piquetes” e “greves”, bem como no Judiciário Civil, como ocorreu, recentemente, em ação possessória promovida pela UNICAMP, em Campinas, contra a ocupação da reitoria por estudantes, quando um juiz, demonstrando perfeita percepção da indevida tentativa de judicialização da política, afirmou que “a ocupação de prédios públicos é, tradicionalmente, uma forma de protesto político, especialmente para o movimento estudantil, caracterizando-se, pois, como decorrência do direito à livre manifestação do pensamento (artigo 5º, IV, da Constituição Federal) e do direito à reunião e associação (incisos XVI e XVII do artigo 5º)”, que “não se trata propriamente da figura do esbulho do Código Civil, pois não visa à futura aquisição da propriedade, ou à obtenção de qualquer outro proveito econômico” e que não se pode considerar os eventuais “transtornos” causados ao serviço público nesses casos, pois “se assim não fosse, pouca utilidade teria como forma de pressão”.[1]
Ora, se é a política que constrói o direito, este, uma vez construído, não pode transformar-se em obstáculo à evolução da racionalidade humana proporcionada pela ação política.
É por isso que a AJD sente-se na obrigação de externar a sua indignação diante da opção reacionária de autoridades acadêmicas pela indevida judicialização de questões eminentemente políticas, que deveriam ser enfrentadas, sobretudo no âmbito universitário, sob a égide de princípios democráticos e sob o arnês da tolerância e da disposição para o diálogo, não pela adoção nada democrática de posturas determinadas por uma lógica irracional, fundada na intolerância de modelos punitivos moralizadores, no uso da força e de expedientes “disciplinadores” para subjugar os movimentos estudantis reivindicatórios e no predomínio das razões de autoridade sobre as razões de direito, causando inevitáveis sequelas para o aprendizado democrático.
Não é verdade que ninguém está acima da lei, como afirmam os legalistas e pseudodemocratas: estão, sim, acima da lei, todas as pessoas que vivem no cimo preponderante das normas e princípios constitucionais e que, por isso, rompendo com o estereótipo da alienação, e alimentados de esperança, insistem em colocar o seu ousio e a sua juventude a serviço da alteridade, da democracia e do império dos direitos fundamentais.
Decididamente, é preciso mesmo solidarizar-se com as ovelhas rebeldes, pois, como ensina o educador Paulo Freire, em sua pedagogia do oprimido, a educação não pode atuar como instrumento de opressão, o ensino e a aprendizagem são dialógicos por natureza e não há caminhos para a transformação: a transformação é o caminho."

Fonte: Home Brasil 247.

Usina Belo Monte.

A ex ministra do meio ambiente Marina Silva nos da uma informação clara sobre os impactos sociais e ambientais da usina Belo Monte. É preciso planejamento diz a ex ministra. A construção da usina Belo Monte tem que ser avaliada em todos os seus resultados tanto os positivos quanto os negativos. Não podemos sair colocando "os bois na frente da carruagem" sem antes ouvir aqueles que de alguma forma ou de outra serão os grandes prejudicados que são as cominidades indigenas.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

As vítimas de ontem que não podem ser mais as vítimas de hoje.

A castração começa desde cedo por causa de um tipo de ideologia que distorce tudo o que é humano. O que cor tem haver com caráter? Mas as crianças são vítimas. Onde estão os culpados por essa crueldade?

USP E UNICAMP NA LISTA DAS MELHORES UNIVERSIDADES DO MUNDO.

A Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) são as únicas duas universidades brasileiras que fazem parte da lista de 300 melhores instituições de ensino superior do mundo, que foram elencadas pelo QS World University Ranking, da Inglaterra. A USP está ocupando a 169ª posição, com 50,7 pontos, já a Unicamp ocupa a 235ª posição com 42,2 pontos.
Para poder participar desta lista os critérios do ranking são elaborados baseados na opinião de estudantes, funcionários, o número de citações cientificas das instituições, o número de alunos de outros países na instituição e a reputação acadêmica. Para a pesquisa que deu origem ao ranking deste ano foram ouvidas 33 mil estudantes universitários de todo o mundo e também 16 mil empregadores de acadêmicos recém-formados. A avaliação foi feita em 700 universidades em todo o mundo.
As primeiras colocações deste ano continuaram as mesmas de 2010. A Universidade de Cambridge ficou em 1° e a Universidade de Harvard ocupa a 2ª colocação, e o Massachusetts ficou em 3° lugar, duas colocações a mais que no ano anterior. As duas universidades brasileiras ganharam posições este ano em comparação com o ano passado, a USP ficou em 253° lugar e a Unicamp em 292° em 2010. Ou seja, a USP subiu 84 posições.
O crescimento da USP se deve ao esforço da instituição para se universalizar, está uma das principais bandeiras levantadas pelo novo reitor da universidade. Ele anunciou no ano passado a construção de um local para os estudantes estrangeiros morarem durante o curso.


Fonte:NOTÍCIASBR

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

John Gray: Contagem regressiva.

Celebrado como um dos grandes pensadores do século XXI, o britânico John Gray causa mais impacto a cada obra publicada. A tese central de seu mais recente trabalho, Cachorros de Palha, é a idéia de que a humanidade se engana ao acreditar que ocupa um lugar de destaque no universo, que pode controlar seu destino e algum dia será capaz de construir um mundo melhor. A explicação para o título de seu livro está num poema do filósofo taoísta Lao-Tsé sobre cachorros feitos de palha que eram reverenciados nos rituais religiosos chineses e, após as cerimônias, eram incinerados. 'A raça humana deverá ter o mesmo destino - será descartada quando não tiver mais utilidade para o planeta', afirma. Segundo ele, a contagem regressiva para a humanidade deixar a Terra já começou. E poderá estar zerada antes do próximo século. Neoliberal que se entusiasmou com Margareth Thatcher e depois rompeu com sua doutrina para apoiar o hoje primeiro-ministro Tony Blair - de quem agora é crítico -, o escritor é um polemista que recusa a coerência fácil ou a cristalização das próprias idéias. E não se acanha ao abandonar a defesa de suas teses, se conclui que estão equivocadas ou ultrapassadas. Considerado excepcionalmente lúcido por seus admiradores e um catastrofista por seus críticos, John Gray concedeu a ÉPOCA a seguinte entrevista:

John Gray

Dados pessoais
Nasceu na Inglaterra, tem 58 anos

Formação
Cursou Filosofia na Universidade de Oxford

Ocupação atual
Professor de Pensamento Europeu na London School of Economics

Obras
Tem 14 livros, entre eles: O Falso Amanhecer; Al Quaeda e o Que Significa Ser Moderno; Cachorros de Palha

ÉPOCA - Por que senhor afirma que o homem não é mais um habitante da Terra, mas um invasor do planeta?
John Gray - A espécie humana expandiu-se a tal ponto que ameaça a existência dos outros seres. Tornou-se uma praga que destrói e ameaça o equilíbrio do planeta. E a Terra reagiu. O processo de eliminação da humanidade já está em curso e, a meu ver, é inevitável. Vai se dar pela combinação do agravamento do efeito estufa com desastres climáticos e a escassez de recursos. A boa notícia é que, livre do homem, o planeta poderá se recuperar e seguir seu curso.

ÉPOCA - O senhor afirma que o ser humano não é tão diferente dos demais animais, e tampouco superior. Mas o desenvolvimento tecnológico, o avanço da ciência e da cultura não são provas de uma superioridade?
Gray - Os seres humanos diferem dos animais principalmente pela capacidade de acumular conhecimento. Mas não são capazes de controlar seu destino nem de utilizar a sabedoria acumulada para viver melhor. Nesses aspectos, somos como os demais seres. Através dos séculos, o ser humano não foi capaz de evoluir em termos de ética ou de uma lógica política. Não conseguiu eliminar seu instinto destruidor, predatório. No século XVIII, o Iluminismo imaginou que seria possível uma evolução através do conhecimento e da razão. Mas a alternância de períodos de avanços com declínios prosseguiu inalterada. Regimes tirânicos se sucederam. A história humana é como um ciclo que se repete, sem evoluir.
'' Duvido que os grupos pacifistas e de defesa do meio ambiente consigam salvar o mundo. A crescente demanda por combustível fóssil e a rápida industrialização da China só agravam o problema ''

ÉPOCA - Pelo que se depreende de suas teses, o senhor não duvida da noção de progresso, apenas acredita que o homem é falho e incapaz de controlá-lo. É isso mesmo?
Gray - Não acredito que haja avanços em ética e política. Temos momentos melhores e piores, mas em geral a História humana é um ciclo intermitente de anarquia e tirania. Trazemos em nosso DNA a inclinação para a autodestruição e somos incapazes de mudar. Nesse sentido, não há progresso. A atual Guerra do Iraque mostra isso. Os Estados Unidos não eram a nação mais desenvolvida do mundo? No entanto, não puderam impedir a tortura de prisioneiros em Abu Graib. Se alcançamos estágios avançados por um lado, a todo momento perdemos essas conquistas.

ÉPOCA - Há esperanças de que esse quadro se modifique?
Gray - Pode haver progressos em alguns lugares do mundo, em certos momentos. Mas não haverá uma mudança efetiva, generalizada. Observe que mesmo as convenções de guerra existentes não são respeitadas. Em termos de desafios ambientais, a situação ainda é pior. As mudanças climáticas afetam o mundo inteiro, ameaçam toda a civilização.

ÉPOCA - Não há nada a ser feito?
Gray - O que temos a fazer é trabalhar com objetivos modestos, com expectativas mais baixas e realistas. Não esperar pela salvação do planeta, mas buscar uma qualidade de vida melhor, criar condições para retardar o declínio. Isso é possível.


ÉPOCA - O senhor não estaria sendo muito cético levando-se em conta os movimentos de defesa do meio ambiente, ações pacifistas e outros que tentam reveter esse quadro?
Gray - Duvido muito que consigam. Sou descrente de que será feito algo realmente eficaz para combater o aquecimento global. A demanda de combustível fóssil vem aumentando a um ritmo de 1,9% ao ano. A rápida industrialização da China só agrava esse problema. Não quero dizer com isso que não se deva fazer nada. Cada nação pode perfeitamente contribuir de alguma forma. Mas os esforços ainda seriam tímidos e há poucas razões para otimismo quanto a uma reversão radical do quadro.

ÉPOCA - E depois do homem, o que ficará? Em seu livro, o senhor prevê que, antes de desaparecer, a humanidade terá dado fim a muitas outras espécies, e também afirma que as máquinas vão continuar a existir, sendo capazes de tomar decisões.
Gray - Não acredito que a inteligência artificial chegará a ser mais avançada que a humana, nem que os robôs e as máquinas sucedam aos seres humanos no sentido evolutivo, ou cheguem ao ponto de se tornar uma ameaça a nossa espécie. Isso pertence mais ao terreno da ficção científica. Mas vislumbro que serão capazes de executar a maior parte das tarefas humanas, e reparar-se mutuamente em caso de falhas. As máquinas poderão continuar quando o homem não estiver mais aqui. Tudo isso, é claro, vai depender da disponibilidade de energia de então.

ÉPOCA - Em que o senhor se baseia para dizer que o homem não possui livre-arbítrio?
Gray - Não temos controle sobre nosso destino. Nem sequer somos co-autores de nossas vidas. Chegamos ao mundo sem escolher nossos pais, nosso lugar, a língua que vamos falar. O que fazemos é improvisar diante da realidade que encontramos.

ÉPOCA - Por que o senhor afirma que as idéias cristãs causaram grandes prejuízos à humanidade?
Gray - Minha maior crítica ao cristianismo é sua tentativa de salvar toda a humanidade. O Islã também se coloca numa missão salvacionista, e por isso traz consigo tantos desastres. Não sou contra as religiões, e até acredito que os piores regimes foram os de base ateísta, como os de Stlálin e Mao Tse-tung. O cristianismo é em grande medida benigno e devemos muito a ele. Mas é preciso buscar um certo grau de ceticismo, ter cautela para não buscar verdades absolutas. Desconfiar. O colapso do comunismo foi algo positivo, pois essa ideologia também havia se tornado uma crença. Em contrapartida liberou forças muito perigosas baseadas em religião. Acredito que as filosofias orientais, como o taoísmo, são mais benéficas ao ser humano, porque têm objetivos mais modestos, nada expansionistas.

ÉPOCA - Parte do mundo islâmico vive tempos de radicalismo, e a Igreja Católica dá uma guinada conservadora para afirmar seus valores. É uma volta ao fundamentalismo?
Gray - Hoje quase não temos mais movimentos revolucionários. Eles estão restritos ao Nepal e a um ponto ou outro do planeta. O comunismo e o fascismo também entraram em extinção. Mas estão voltando outras formas de fundamentalismo - étnico, religioso, nacionalista -, que haviam desaparecido. Os Estados Unidos vivem uma onda fundamentalista, parte religiosa, parte política. O nacionalismo na Europa está muito intenso. Todos os tipos são temerários, porque alimentam conflitos e impedem seres humanos de viver juntos.

ÉPOCA - Depois da Guerra Fria, o mundo pôde se tornar mais pluralista. Essa diversidade poderia contribuir para evitar uma tensão mundial como a daquele período?
Gray - A história da humanidade é uma sucessão de embates, e é ridículo pensar que a causa desses conflitos é o choque entre civilizações diferentes que não se entendem apenas por motivos ideológicos. As guerras sempre foram motivadas por outros fatores, como a busca por recursos. A Guerra do Iraque foi iniciada com o pretexto de ali estar se formando um Estado fascista. Falácia. Se hoje assistimos à contenda entre as nações islâmicas e o resto do mundo, isso se deve à crescente demanda por petróleo barato. As nações ricas precisam de uma quantidade cada vez maior de combustível, o que gera essa tensão. Mas o pior ainda pode ser evitado.

ÉPOCA - De que maneira?
Gray - Retirar as tropas do Iraque seria um grande passo. Mas as políticas energéticas são a fonte alimentadora do terror. Seria importante que as nações se tornassem menos dependentes de petróleo. Isso aliviaria as tensões entre o Ocidente e o mundo islâmico.

ÉPOCA - O modelo intervencionista da política americana se esgotou?
Gray - É evidente que Bush fracassou. Seu desafio agora é como sair dessa situação sem grandes prejuízos. A guerra teve um custo muito alto e seus efeitos serão sentidos por décadas. Em 20 ou 30 anos, a influência dos EUA sobre o mundo será bem mais limitada. Os americanos terão de ser mais cautelosos e vão depender ainda mais da ajuda de outras nações.

ÉPOCA - O senhor criou polêmica entre seus pares ao defender aspectos do regime de Fidel Castro.
Gray - Ele já teve pontos positivos. Nunca foi benéfico no que se refere às liberdades individuais. No entanto, obteve avanços ao reduzir as taxas de mortalidade e implantar um eficiente sistema de saúde. Mas mesmo esses benefícios se perderam. Agora, o regime cubano caminha para o colapso total, o que provavelmente ocorrerá com a morte de Fidel.

ÉPOCA - Que regime político seria ideal para responder às questões que se colocam no momento à maioria das nações ocidentais?
Gray - Não devemos procurar por um único sistema ideal. Ainda temos no mundo regimes péssimos, como o da Coréia do Norte, por exemplo. A democracia representativa geralmente é citada como a mais benéfica, mas também está sujeita a erros e não é uma garantia de respeito ao estado de direito, como o governo Bush demonstrou. Temos de utilizar um conjunto de experiências, tentar agregar aos regimes democráticos existentes mais garantias às liberdades individuais, mais mecanismos de vigilância e controle da administração pública, assistência social eficiente e proteção do cidadão pelo Estado.
Divulgação
'' Não temos mais movimentos revolucionários, comunismo nem facismo. Mas estão voltando outras formas de fundamentalismo - ético, religioso e nacionalista -, que haviam desaparecido no século XX ''

ÉPOCA - O senhor já foi um apoiador do modelo liberal e hoje advoga fortes mecanismos de controle para o que chama de fundamentalismo do mercado...
Gray - Sim, mas nunca fui um fundamentalista do mercado. Os modelos econômicos e os projetos políticos precisam estar em permanente mutação. Não podemos nos agarrar a uma crença e ficar presos a ela para sempre. Os desafios mudam. Entre os riscos do mundo atual, por exemplo, está o de termos Estados fracos. E cada vez mais acredito que um Estado fraco é um mau Estado.

ÉPOCA - Tendo por base os dilemas contemporâneos, como vê o mundo daqui a 20, 30 anos? Quais serão as questões em pauta?
Gray - É difícil dizer. O terrorismo e o crime organizado já são problemas agudos hoje. Parece evidente que as questões ambientais vão se aprofundar, e que a explosão populacional vai se agravar. Teremos 1,2 bilhão de habitantes a mais no planeta em 2050. Mas tentar prever o futuro é algo traiçoeiro. Há fatores imponderáveis. Quem poderia imaginar, 20 anos antes, que o comunismo entraria em colapso no fim da década de 80? O importante é entendermos as questões contemporâneas e tratarmos delas adequadamente. Woody Allen disse certa vez que 'fazer previsões é muito difícil, especialmente sobre o futuro'. Eu digo que fazer previsões é fácil, entender o presente é bem mais complicado.

ÉPOCA - Seus críticos afirmam que o senhor se expressa por meio de afirmações apocalípticas e que suas teses pecam por um catastrofismo que não leva a conclusão alguma.
Gray - Não sou um missionário, um neocristão, um neoliberal, um neocomunista. Não tenho crenças a defender nem trago uma doutrina, um manual de salvação para determinado grupo. Eu só estou interessado em estimular as pessoas a pensar, levando a elas subsídios que lhes sirvam de alertas. Há questões desagradáveis a ser encaradas e meu intuito é ajudá-las nesse processo.

ÉPOCA - Alguma palavra de alento sobre o destino da humanidade?
Gray - Essa não é minha área (risos). Recomendo que as pessoas busquem a religião para isso.

Fonte: Época

Delegado do Distrito Federal relata crime em forma de poesia.


O delegado Reinaldo Lobo, da 29ª DP, no Riacho Fundo, a 18 quilômetros de Brasília, surpreendeu a Corregedoria da Polícia Civil ao registrar, no dia 26 de julho, um crime em forma de poesia.

O documento apresentado pelo delegado faz parte do inquérito policial, formado ainda pelo auto de prisão em flagrante, as oitivas e o relatório. A peça final, única feita em poesia, não foi aprovada e teve que ser refeita.

O relatório dizia respeito a um crime de receptação, ocorrido na noite de 22 de julho, quando um homem foi flagrado por policiais militares na garupa de uma motocileta roubada.

"O preso pediu desculpa/disse que não tinha culpa/pois estava só na garupa/foi checada a situação/ele é mesmo sem noção/estava preso na domiciliar/não conseguiu mais se explicar", escreveu o delegado sobre a abordagem ao suspeito.

Mais adiante, o delegado prossegue: "Se na garupa ou no volante/sei que fiz esse flagrante/desse cara petulante/que no crime não é estreante".
O preso pediu desculpa
Disse que não tinha culpa
Pois só estava na garupa
Foi checada a situação
Ele é mesmo sem noção
Estava preso na domiciliar
Não conseguiu mais se explicar
A motocicleta era roubada
A sua boa fé era furada"
Trecho do relatório produzido pelo delegado Reinaldo Lobo

A vontade de fazer um trabalho diferente motivou a redação do poema, disse o delegado. “O nosso trabalho é um pouco de idealismo. Apesar de muito árduo, ele é um pouco de fantasia, de você lutar pela reconstrução e pela melhora do mundo. Acho que isso traz muita realização e eu quis transformar isso em arte, daí a ideia da poesia.”

No relatório em forma de poema, o delegado explica a inovação: "Resolvi fazê-lo em poesia/pois carrego no peito a magia/de quem ama a fantasia/de lutar pela paz contra qualquer covardia".

Lobo disse ao G1 que sua intenção era chamar a atenção de quem fosse ler o inquérito, afirmou. “Nos deparamos com situações difíceis. Naquela noite, tive vontade de transmitir uma mensagem a quem fosse ler aquele inquérito.”
saiba mais

Apesar da criatividade, o relatório retornou da Corregedoria com o pedido de que fosse escrito nos padrões da polícia. Lobo achou melhor solicitar o ajuste a outro delegado. “Não existe nada que regre a redação oficial de um relatório. O Código de Processo Penal só exige que se narre o caso e se citem as informações importantes. O delegado deve ter liberdade de fazer isso”, defende.

Esta foi a primeira vez que Reinaldo Lobo escreveu um relatório em poesia. Apesar de o formato não ter sido aceito pela Corregedoria, não houve nenhum tipo de punição ao delegado, que não abandonou completamente a ideia.
Nosso trabalho é um pouco de idealismo. Apesar de muito árduo, ele é um pouco de fantasia, de você lutar pela reconstrução e pela melhora do mundo. Acho que isso traz muita realização e eu quis transformar isso em arte, daí a ideia da poesia"
Delegado Reinaldo Lobo

“Vou tentar um diálogo com a Corregedoria para tentar ver o que é possível fazer em harmonia”, afirmou o delegado, fazendo rima.

A Corregedoria da Polícia Civil não se pronunciou sobre o caso até o fim da manhã desta quarta-feira.

O homem que estava na garupa da motocicleta roubada foi autuado em flagrante por receptação. Até o envio do relatório, informa Lobo, o rapaz permanecia preso no sistema penitenciário, porque, como escreveu em seu inquérito-poema, "a fiança foi fixada/e claro não foi paga".

Veja a íntegra do relatório do delegado

"Já era quase madrugada
Neste querido Riacho Fundo
Cidade muito amada
Que arranca elogios de todo mundo

O plantão estava tranqüilo
Até que de longe se escuta um zunido
E todos passam a esperar
A chegada da Polícia Militar

Logo surge a viatura
Desce um policial fardado
Que sem nenhuma frescura
Traz preso um sujeito folgado

Procura pela Autoridade
Narra a ele a sua verdade
Que o prendeu sem piedade
Pois sem nenhuma autorização
Pelas ruas ermas todo tranquilão
Estava em uma motocicleta com restrição

A Autoridade desconfiada
Já iniciou o seu sermão
Mostrou ao preso a papelada
Que a sua ficha era do cão
Ia checar sua situação

O preso pediu desculpa
Disse que não tinha culpa
Pois só estava na garupa

Foi checada a situação
Ele é mesmo sem noção
Estava preso na domiciliar
Não conseguiu mais se explicar
A motocicleta era roubada
A sua boa fé era furada

Se na garupa ou no volante
Sei que fiz esse flagrante
Desse cara petulante
Que no crime não é estreante

Foi lavrado o flagrante
Pelo crime de receptação
Pois só com a polícia atuante
Protegeremos a população

A fiança foi fixada
E claro não foi paga
E enquanto não vier a cutucada
Manteremos assim preso qualquer pessoa má afamada

Já hoje aqui esteve pra testemunhá
A vítima, meu quase chará
Cuja felicidade do seu gargalho
Nos fez compensar todo o trabalho

As diligências foram concluídas
O inquérito me vem pra relatar
Mas como nesta satélite acabamos de chegar
E não trouxemos os modelos pra usar
Resta-nos apenas inovar

Resolvi fazê-lo em poesia
Pois carrego no peito a magia
De quem ama a fantasia
De lutar pela Paz ou contra qualquer covardia

Assim seguimos em mais um plantão
Esperando a próxima situação
De terno, distintivo, pistola e caneta na mão
No cumprimento da fé de nossa missão


Riacho Fundo, 26 de Julho de 2011

Del REINALDO LOBO

Fonte Blog: Interpretações de um sujeito.

sábado, 30 de julho de 2011

Pesquisa diz que união gay é rejeitada por 55% dos brasileiros

O lado irracional das pessoas aflora quando se trata de encarar uma realidade normal que se manifesta na vida.
        O cristianismo com seus costumes baseados em regras ou normas sociais ainda é muito forte nesse país onde se diz católico por mais de 80% dos brasileiros. Como então trazer a razão para um povo que não reconhece a força da própria natureza se o costume dogmatico impera nos lares e a abertura para enxergar o óbvio é tão pequena que o lado irracional destroe famílias, amigos, vizinhos? Tudo por mandamentos baseado no poder que não são avaliados com o devido esclarecimento humano. A religião e suas contradições. Rejeitar é mais fácil do que colocar o cerebro pra funcionar pois já estamos adaptados a isso.  Eu fico pensando se esses 45% que não rejeitam a união gay realmente não rejeitam porque sua razão lhe diz isso ou porque estão fingindo. Sim, porque há uma falsa aceitação, uma hipocrisia, que anda solta por aí.  Nesse caso como avaliar a decisão de um povo onde impera o lado irracional? Devemos seguir porque a "voz do povo é a voz de Deus"? Se assim for, estaremos sendo coniventes com o lado irracional de Deus, onde prova que Deus é uma criação humana e não perfeito. Onde se contradiz quando lemos na biblia que o amor é a forma mais pura de existência. Se respondem dizendo que esse amor é o amor a Deus eu pergunto como é possível amar antes de experimentar? E isso só é possível primeiramente nas relações humanas seja ela qual for. Ninguém acorda amando a Deus, a gente acorda pra vida e só depois é que esse fenômeno surge das formas mais variadas possíveis, mas único em sua essência. É possível fazer uma comparação com o Nazismo de Adolf Hitler, pois se foi possível esse homem, diante da  vulnerabilidade em que o povo alemão se encontrava depois de uma guerra fracassada, impor a sua irracionalidade e aquele povo seguir - como se fosse uma biblia - sem usar sua própria razão fazendo pouco caso diante de atrocidades e extermínio humano que acontecia, isso prova para qualquer mente esclarecida e racional que a voz do povo nem sempre deve ser ouvida. A minha razão diz sim a união gay, diz sim a adoção de crianças por casais do mesmo sexo, diz sim a qualquer manifestação de amor onde razão e emoção estejam em plena harmonia.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Razão Instrumental.

A razão tem que ser uma mera fachada de racionalismo pré-estabelecido. É preciso começar daquele ponto de vista coletivo, pois do contrário você não será tolerado, mas sim bombardeado por uma série de frases feitas, emoções baratas e uma espécie de hedonismo vulgar e médiocre tomará lugar da dialética esclarecida em meio a goles de cerveja ou outra bebida qualquer. A razão instrumental parte do fetiche, pois o produto que se tornou "senhor" dar as regras do jogo. E o jogo nos faz "coisificados".

Zeitgeist parte 1

Zeitgeist parte 2

Zeitgeist parte 3

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Cálice.

"Cálice"-- Música de Chico Buarque e Gilberto Gil é uma música que mesmo passando muitos anos depois de seu lançamento ainda nos move o ouvido e é mais atual do que qualquer outra década. O "cala a boca" está mais forte do que nunca.

Tempo nos diz, tempo nos move, tempo... tempo...tempo...

O mundo é esse que você vê, cheio de contradições, desafios e problemas para ser solucionados, ou se não, esquecidos, suspensos. Quando em um dia quente nos embriagamos com bebida e nos entregamos a alucinações ou procuramos conversar sem parar é uma resposta que não se direciona a ninguém, mas apenas a quem sente alguma dor. Muitas e muitas representações mal formuladas contra qualquer tipo de atitude podemos encontrar, mas o que dizer de regras e normas que nos sufoca e nos leva a esse caos? Não sabemos nada, porque nada foi realmente dito. Tudo o que foi dito são nossas representações e a qualquer momento tudo em que acreditamos pode cair por agua a baixo. O que nos sustenta é só uma questão de tempo. Sair e observar o fenômeno é tudo que nós temos, é tudo que nos resta. O absurdo está por todos os lados. "Ser" tambem é uma questão de tempo.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Prova de que os animais que dizem "não racionais" sentem e não querem perder seu companheiro de existencia.

  Podemos pensar mil e uma coisa porque nunca iremos falar a mesma lingua, no entanto, o corpo fala para que seja provado que todos nós animais, racionais ou não, sentimos a perda. Esse vídeo mostra um gato que insiste em trazer de volta a vida do seu amigo felino.

Prefeitura de Teresópolis desapropria fazenda para construir casas.

A prefeitura de Teresópolis desapropriou uma fazenda no bairro de Ermitage, na área urbana da cidade, para a construção de novas moradias para as vítimas da enxurrada que matou ao menos 228 pessoas na cidade.

Pelo decreto assinado pelo prefeito Jorge Mario Sedlacek, uma parceria com o Governo Federal vai construir, em caráter emergencial, cerca de 500 casas para atender às famílias que ficaram desabrigadas.

As obras, orçadas em torno de R$ 24 milhões de reais, estão previstas para começar em de 30 dias. As casas populares devem estar prontas até o final do ano.
A alegação da prefeitura para a desapropriação da fazenda, de 190 hectares, foi o estado de calamidade pública em que o município se encontra.

O governo municipal se comprometeu também a fornecer toda a estrutura ao redor da área onde serão instaladas as moradias, como a construção de uma escola, creche, posto de saúde e área de lazer.

É uma pena que só possamos ver ações como essa acontecer quando uma tragédia ocorra. É preciso que primeiro muitas pessoas percam suas vidas para que as autoridades de nossos estados façam ouvir a voz da razão. Quando realmente mudaremos essa situação?

Hora da embriaguês.

   O silêncio. Preciso manter o silêncio pensou um irmão se referindo ao outro. Os olhos dos outros são prisões; seus pensamentos nossas celas. Enquanto mantiver-mos em silêncio a angustia permanecerá. Fato! Representações... somos pura e simplesmente representações. Como podemos diante de tantas possibilidades que estão ao nosso alcance permanecermos em silêncio? O que de tão grave existe para que a vida seja assim tão monótona e hipócrita? Apontemos para isso o conflito das representações, das contradições; teia de dor sem fim, ressentimento e falta de vida... de potência.  Sentimos prazer em sermos o que somos? Ou não, tudo em nós pode ser realmente modificado? Eu posso compreender, sim eu posso, mas não preciso está junto. Já disse o filósofo: "somos aquilo que escolhemos ser".

Cara a cara com Bertrand Russell (BBC, 1959) [1 de 3]

Bertrand Russell fala sobre religião (1959)

Deus é a Natureza e a Natureza é Deus. Espinosa

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

The Stranglers

O peso de uma vida.

É difícil aceitar o que nós somos, é como ver um cigarro se acabando sem ter mais nenhum no maço para fumar; pois no instante que vou ao banheiro percebo que sou agua e excremento, saio do "trono" e volto as minhas divagações. Um pensamento... idéias... lembranças... mistura de sensações, dores de um corpo cansado.


O sol irá nascer amanhã? É preciso estar disposto pra mais um dia; mais um dia de incertezas, de angustias e de muita hipocrisia humana. Mais circo... será que serei capaz de suportar os dias de mediocridade em que estou inserido? Enfrentar mais um dia onde o dia não foi o dia, mas sim lacunas em branco onde o peso da existencia ferve meu sangue como se  estivesse numa panela para ser cozido igual sangue de boi. São as horas que nunca passam onde o amanhã é sempre hoje e onde no hoje tudo tem que ser feito. Faço o caminho que me leva para o lugar de onde vim; morro todos os dias e isso é só uma questão de tempo. Diante desse absurdo em que me encontro a vida me fecha os olhos para viver o que de dia não posso viver, toda liberdade destrutiva que só os meus movimentos insinuam.

Ela me diz que existe o perfume para esconder o odor, a comida para enganar a fome, a agua para beber, assim eu esqueço a sede que sinto, a sede de conhecimento.

Somos algo que se meche por alguns segundos sobre o tempo.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Clarice Linspector

"O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida."





Enquanto estou só.

O meu tênis jogado pela sala, livros espalhados pela mesa e meu cerebro sobre a almofada deitado no divan-sofá-. Não dá pra contar as horas porque ela só existe quando eu me preocupo com isso e sinceramente eu não estava dando a mínima. Eu estava num daqueles dias em que nada mais é importante do que pensar e sentir, rememorando. O tênis chamava meu pé, os livros pediam que eu voltasse para eles, mas o meu corpo que pesava muito mais do que o seu verdadeiro peso exigia que eu ali permanecesse numa inercia externa que qualquer mosca que pousasse sobre meu rosto encontrava repouso. Por dentro eu viajava no tempo enquanto por fora eu era tempo... Tempo que morre, tempo que passa, tempo que cura, tempo... tempo...
...Então nessas divagações eu me encontro depois de várias vezes ter me perdido. Eu me perco pra me encontrar ao mesmo tempo que me encontro pra me perder. Enquanto isso uma chuva rala e uma brisa que entra pela janela da porta me faz que eu busque ser eu... que eu seja sempre eu... na calmaria da solidão tudo pode acontecer.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A influência da mídia.

Somos jogo de manobra da mídia, da cultura, da ideologia impregnante em que estamos inseridos. Precisamos ter um pensamento crítico diante de tanta porcaria que nos fazem engolir e que não vai nos trazer a tão desejada felicidade, apenas enriquecer e manter os donos do poder no topo da pirâmide.

A BÍBLIA.

Vídeo que faz uma avaliação das escrituras bíblicas. Faça sua própria reflexão.

O que são classes sociais?

É completamente absurdo abrir mão da sua liberdade natural e aderir a um contrato social para ser escravo de um salário mínimo com a ilusão de que um dia "as coisas vão melhorar".  Chega de mentiras!!