terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Clarice Linspector

"O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida."





Enquanto estou só.

O meu tênis jogado pela sala, livros espalhados pela mesa e meu cerebro sobre a almofada deitado no divan-sofá-. Não dá pra contar as horas porque ela só existe quando eu me preocupo com isso e sinceramente eu não estava dando a mínima. Eu estava num daqueles dias em que nada mais é importante do que pensar e sentir, rememorando. O tênis chamava meu pé, os livros pediam que eu voltasse para eles, mas o meu corpo que pesava muito mais do que o seu verdadeiro peso exigia que eu ali permanecesse numa inercia externa que qualquer mosca que pousasse sobre meu rosto encontrava repouso. Por dentro eu viajava no tempo enquanto por fora eu era tempo... Tempo que morre, tempo que passa, tempo que cura, tempo... tempo...
...Então nessas divagações eu me encontro depois de várias vezes ter me perdido. Eu me perco pra me encontrar ao mesmo tempo que me encontro pra me perder. Enquanto isso uma chuva rala e uma brisa que entra pela janela da porta me faz que eu busque ser eu... que eu seja sempre eu... na calmaria da solidão tudo pode acontecer.