quarta-feira, 24 de julho de 2013

Presidente da CBF homenageou Sérgio Paranhos Fleury o torturador mais famoso do país na época da ditadura no Brasil.


29/04/2013 8:41 pm
Áudio mostra Marin elogiando Fleury, torturador da ditadura
Em dois discursos feitos em um espaço de um ano, presidente da CBF atacou o jornalismo da TV Cultura, dirigido à época por Vladimir Herzog, e homenageou Sérgio Paranhos Fleury.
Por Igor Carvalho

José Maria Marin, presidente da CBF, discursou contra o jornalismo da TV Cultura antes de Herzog ser assassinado (Foto: José Cruz/ABr)
O deputado estadual paulista Adriano Diogo (PT) divulgou dois áudios, descobertos pelo parlamentar, com discursos proferidos pelo atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, em 1975 e 1976.
Nos áudios, dois fatos chamam a atenção. Primeiro, a ofensiva contra o departamento de jornalismo da TV Cultura, dirigido à época pelo jornalista Vladimir Herzog, torturado até a morte no DOI-CODI, em São Paulo, em 1975. Além disso, pode-se ouvir em um dos discursos uma homenagem pública feita pelo então deputado estadual Marin ao ex-delegado do Dops, Sérgio Paranhos Fleury.
No primeiro áudio, o deputado Wadi Helu alerta para a “infiltração dos elementos subversivos e dos elementos de esquerda no canal dois.” Para o parlamentar, a TV Cultura “enaltece e procura dar foros de grandiosidade a líderes de esquerda de outros países, que vem desgraçando outros povos.”
Em seguida, Marin pede a palavra e concorda com as acusações feitas por Helu. “Vem pregando apenas fatos negativos, não se vê nada do aspecto positivo, apresentando miséria, apresentando problemas e sem apresentar, inclusive, soluções. Nessas condições, me congratulo com o senhor”, afirmou o atual presidente da CBF sobre a TV Cultura.
Marin ainda pediu que o governador tomasse uma providência, para que a “tranquilidade volte a reinar não só nessa casa, mas principalmente nos lares paulistanos.”
A divulgação dos áudios trouxe o nome de Marin para a discussão sobre seu papel na perseguição a Herzog, que faleceu no intervalo entre o primeiro áudio, que contesta o jornalismo da TV Cultura, e o segundo, quando Fleury é homenageado pelo presidente da CBF.
José Maria Marin se dirige ao delegado Sérgio Fleury como um homem “com uma vocação das mais raras e elogiáveis no cumprimento de seu dever como polícia” e finaliza afirmando que o militar é “motivo de orgulho para a população de São Paulo.”
“Conversa Pública”
Ivo Herzog, filho jornalista Vladimir Herzog, acusa Marin de participar da prisão de seu pai. Em entrevista, no último dia 28 de março, desafiou o presidente da CBF. ““Se ele quiser conversar publicamente, tenho cinco perguntas para fazer.”
Vladimir Herzog foi levado para depor no DOI-Codi para explicar “influências comunistas” no jornalismo da TV Cultura, só saiu de lá morto.


Fonte: http://revistaforum.com.br/blog/2013/04/audio-mostra-marin-elogiando-fleury-torturador-da-ditadura/

Folha financiava operações na ditadura e Frias visitava o DOPS, conta ex-delegado.

24/04/2013 12:02 pm
Cláudio Guerra afirmou que os recursos vinham de bancos e de empresas, como a Ultragas e o jornal Folha de S. Paulo. “Frias visitava o DOPS, era amigo pessoal de Fleury”

Do portal Terra, via Viomundo
O ex-delegado da Polícia Civil Claudio Guerra afirmou nesta terça-feira, à Comissão Municipal da Verdade de São Paulo, que foi o autor da explosão de uma bomba no jornal O Estado de S. Paulo, na década de 1980, e afirmou que a ditadura, a partir de 1980, decidiu desencadear em todo o Brasil atentados com o objetivo de desmoralizar a esquerda no País.
“Depois de 1980 ficou decidido que seria desencadeada em todo o País uma série de atentados para jogar a culpa na esquerda e não permitir a abertura política”, disse o ex-delegado em entrevista ao vereador Natalini (PV), que foi ao Espírito Santo conversar com Guerra.
No depoimento, Guerra afirmou que “ficava clandestinamente à disposição do escritório do Sistema Nacional de Informações (SNI)” e realizava execuções a pedido do órgão.
Entre suas atividades na cidade de São Paulo, Guerra afirmou ter feito pelo menos três execuções a pedido do SNI. “Só vim saber o nome de pessoas que morreram quando fomos ver datas e locais que fiz a execução”, afirmou o ex-delegado, dizendo que, mesmo para ele, as ações eram secretas.
Guerra falou também do Coronel Brilhante Ustra e do delegado Sérgio Paranhos Fleury, a quem acusou de tortura e assassinatos. Segundo ele, Fleury “cresceu e não obedecia mais ninguém”. “Fleury pegava dinheiro que era para a irmandade (grupo de apoiadores da ditadura, segundo ele)”, acusou.
O ex-delegado disse também que Fleury torturava pessoalmente os presos políticos e metralhou os líderes comunistas no episódio que ficou conhecido como Chacina da Lapa, em 1976.
“Eu estava na cobertura, fiz os primeiros disparos para intimidar. Entrou o Fleury com sua equipe. Não teve resistência, o Fleury metralhou. As armas que disseram que estavam lá foram ‘plantadas’, afirmo com toda a segurança”, contou.
Guerra disse que recebia da irmandade “por determinadas operações bônus em dinheiro”. O ex-delegado afirmou que os recursos vinham de bancos, como o Banco Mercantil do Estado de São Paulo, e empresas, como a Ultragas e o jornal Folha de S. Paulo. “Frias (Otávio, então dono do jornal) visitava o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), era amigo pessoal de Fleury”, afirmou.
Segundo ele, a irmandade teria garantido que antigos membros até hoje tivessem uma boa situação financeira.
‘Enterrar estava dando problema’
Segundo Guerra, os mortos pelo regime passaram a ser cremados, e não mais enterrados, a partir de 1973, para evitar “problemas”. “Enterrar estava dando problema e a partir de 1973 ou 1974 começaram a cremar. Buscava os corpos da Casa de Morte, em Petrópolis, e levava para a Usina de Campos”, relatou.

Fonte: http://revistaforum.com.br/blog/2013/04/folha-financiava-operacoes-na-ditadura-e-frias-visitava-o-dops-conta-ex-delegado/