quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Quase no final de tarde!!

Os desejos são assim intensos, dificéis de manipula-los. O corpo nos fala, nos cala.
O outro corpo me afeta e eu cheio de paixões me entrego a uma sombra que se diz perigosa e incompreendida. O espaço me chama para esquecer, o tempo me ordena a ouvir. Vida... uma vida... apenas numa vida eu estou e não em outra. Sou uma outra linguagem, aquela que ninguem entende, aquela que não se faz entender.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Por Michel Onfrey.


Minha proposta é sair da era religiosa e teológica para entrar na era filosófica. É preciso parar de projetar a vida em universos inexistentes para construir a sua existência. Devemos nos contentar com este mundo real, examinar o que podemos fazer de nossas existências nesta vida que é pós moderna, pós industrial, pós fascista, pós comunista e pós cristã, seguramente. O que podemos fazer num período de niilismo? Somente a Filosofia poderá trazer as respostas. Gostaria que os livros de catecismo fossem substituídos, nas escolas, por ateliers de Filosofia, gostaria que todos nós refletíssemos juntos para, pelo menos, provocar a vontade de adquirir conhecimento. Sobretudo para aqueles que ficaram às margens, pois um dia, alguém disse que a Filosofia não era para eles; que ela foi feita para a elite, para a aristocracia e quem não fizesse parte dela, não teria direito a ela. O desejo da filosofia é o desejo da sabedoria, da necessidade de ética, de reflexão e de moral. Almejo uma Filosofia que esclareça, que simplifique sem se empobrecer. Quando me deparo, nos meus cursos da Universidade Popular de Caen, com anfiteatros lotados, com mais de mil pessoas, com transmissão em vídeo no saguão, para aqueles que não conseguiram entrar, eu constato que é possível, que a Filosofia poderá vencer o irracional.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

HUME.


“Em um primeiro momento, sinto-me assustado e confuso com
a solidão desesperadora em que me encontro dentro de minha
filosofia; imagino-me como um monstro estranho e rude que,
por incapaz de se misturar e se unir à sociedade, foi expulso de
todo relacionamento com os outros homens e largado em total
abandono e desconsolo. (...) Expus-me à inimizade de todos os
metafísicos, lógicos, matemáticos e mesmo teólogos; como me
espantar, então, com os insultos que devo sofrer? Declarei que
desaprovo seus sistemas; como me surpreender se expressarem
seu ódio a meu próprio sistema e a minha pessoa?”


(D. Hume. Tratado da Natureza Humana. São Paulo, EDUNESP, 2001)

A CAVERNA!


A caverna (...) é o mundo sensível onde vivemos. O fogo que
projeta as sombras na parede é um reflexo da luz verdadeira (do
Bem e das ideias) sobre o mundo sensível. Somos os prisioneiros. As
sombras são as coisas sensíveis, que tomamos pelas verdadeiras, e as
imagens ou sombras dessas sombras, criadas por artefatos fabricadores
de ilusões. Os grilhões são nossos preconceitos, nossa confiança
em nossos sentidos, nossas paixões e opiniões. O instrumento que
quebra os grilhões e permite a escalada do muro é a dialética. O
prisioneiro curioso que escapa é o filósofo. A luz que ele vê é a luz
plena do ser, isto é, o Bem, que ilumina o mundo inteligível como o
Sol ilumina o mundo sensível. O retorno à caverna para convidar os
outros a sair dela é o diálogo filosófico, e as maneiras desajeitadas
e insólitas do filósofo são compreensíveis, pois quem contemplou
a unidade da verdade já não sabe lidar habilmente com a multiplicidade
das opiniões nem mover-se com engenho no interior das
aparências e ilusões. Os anos despendidos na criação do instrumento
para sair da caverna são o esforço da alma para libertar-se. Conhecer
é, pois, um ato de libertação e de iluminação. A paideia filosófica é
uma conversão da alma voltando-se do sensível para o inteligível.
Essa educação não ensina coisas nem nos dá a visão, mas ensina
a ver, orienta o olhar, pois a alma, por sua natureza, possui em si
mesma a capacidade para ver.


(M. Chauí, Introdução à história da filosofia. São Paulo:
Companhia das Letras, 2002)

O consumidor não é rei!!!!!

“Na medida em que nesse processo a indústria cultural inegavelmente
especula sobre o estado de consciência e inconsciência de
milhões de pessoas às quais ela se dirige, as massas não são, então, o
fator primeiro, mas um elemento secundário, um elemento de cálculo;
acessório da maquinaria. O consumidor não é rei, como a indústria
cultural gostaria de fazer crer, ele não é o sujeito dessa indústria, mas
seu objeto. O termo mass media, que se introduziu para designar
a indústria cultural, desvia, desde logo, a ênfase para aquilo que é
inofensivo. Não se trata nem das massas em primeiro lugar, nem
das técnicas de comunicação como tais, mas do espírito que lhes é
insuflado, a saber, a voz de seu senhor. A indústria cultural abusa da
consideração com relação às massas para reiterar, firmar e reforçar
a mentalidade destas, que ela toma como dada a priori e imutável.
É excluído tudo pelo que essa atitude poderia ser transformada. As
massas não são a medida mas a ideologia da indústria cultural, ainda
que esta última não possa existir sem a elas se adaptar.”


(Theodor W. Adorno. A indústria cultural. In: Cohn, Gabriel (org.).
Theodor W. Adorno. São Paulo, Ática, 1996)

Só há interpretações.


Diante do absurdo que é a vida!!! Uma pessoa que sai da caverna não consegue mais voltar. O que me fez sair? Não consigo mais voltar por mais que eu queira, é mais forte que eu. Viver é um ponto de interrogação. Sentir uma sensação atrás da outra e se deparar com o absurdo sempre e sempre... Quanto mais eu fujo, mais me deparo com dogmáticos vomitando suas verdades sobre mim. A estrutura mental de muitas dessas pessoas não segue uma linha de raciocínio, fica claro que não pensam por si, precisam de uma gosma de opinião que ronda por aí. A mesma reportagem que vi ontem a noite na record era muito diferente da reportagem que vi na rede globo,(num assalto, rapaz morre tentando salvar a vida da irmã) mudei de canal, fui para a rede tv, e de repente me deparo mais uma vez com a mesma reportagem modificada. Nietzsche tinha razão não há fatos só interpretações. A linguagem é um ato absurdo.