quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A moral por cima de nossas cabeças.

A tradição moralista dessa sociedade fundada no "respeito" e na frustração opera diante dos "fatos" (vídeo mostrado) com uma irracionalidade que causa medo. A moral da família, a moral que está nos programas de televisão- principalmente aqueles sensasionalistas- é capaz de incriminar antes da polícia ou da justiça. E até mesmo a justiça pode errar em adimitir estupro apenas por assédio ou toques. Estamos cada vez pior no que se refere ao entendimento dos desejos humanos e não humanos. Sim, porque no caso dos humanos o que piora a situação é nossa própria conciência moralista. No caso de uma mãe que posta no twiter que a filha estava desacordada devemos levar muitas coisas em consideração antes de chamar o rapaz de estuprador. Essa mãe pode estar se sentindo envergonhada, por causa da moral que afeta sua mente, e de alguma forma quer tirar o peso aliviando a responsabilidade da filha. E assim não pensa duas vezes antes de incriminar. Os programas de televisão por causa da concorrencia (tentativa de afetar a audiência de outra emissora) e também por causa da moral que afeta as mentes de alguns apresentadores junto com a audiência que o caso vai dar não esperam duas vezes para tirar suas conclusões e incriminar. A mídia, na maioria das vezes, se comporta nesse país como polícia antecipando casos que precisam ser investigados e comovendo a população desinformada e sem senso crítico. O que pode o corpo numa situação como essa nos dizer se ele não fala apenas obedece aos desejos e dependendo de sua "ação" ou "movimentação" é quase sempre interpretado erroneamente? Não podemos separar corpo e mente e a moral está na mente e não no corpo. Quero dizer a moral como uma convenção e não natural. A suposta vítima estava "namorando" o suposto acusado. Aceitava suas carícias e suas palavras de desejo e confessou que foi deitar com o rapaz e concientemente teve muito tesão quando houve trocas de carinho ao tocar nas partes do sexo. Como podemos incriminar alguém que estava numa festa bebendo e a bebida ( quem bebe deve confessar) já excita o corpo de várias formas e sendo beijado e excitado por uma mulher? O que podemos dizer de um vídeo que mostra duas pessoas debaixo de um edredom o qual impede que possamos ver de fato uma penetração? Movimentos é o que vemos e movimentos podem significar várias coisas o que quer dizer que não dar pra definir nada. A suposta vítima diz em audio aberto que tudo foi concessual ( se referindo as carícias) e que estava muito excitada e que depois dormiu, mas esse dormiu pra uma pessoa que está muito excitada e ao mesmo tempo alcoolizada não quer dizer muita coisa porque nesse momento quem fala mais alto é o corpo ( desejos, instinto) e não a mente ou conciência( moral, convenção). Não devemos esquecer que o rapaz também estava alcoolizado e o fato dele ser homem não quer dizer que ele deva ter mais responsabilidade do que ela, pois somos todos humanos, ou seja, somos todos feitos dessa matéria corpo que infelizmente insistimos em não querer entender por causa de uma cultura moralista. Outra coisa que me chama atenção nesse caso é quando dizem que a suposta vítima não se mexia e que só o rapaz fazia os movimentos. É outra coisa a se dúvidar também, pois numa relação sexual dependendo do comportamento da mulher - e ainda mais sabendo que estar sendo vigiada por camaras- não é de se movimentar já que o seu papel é passivo e não ativo. O subconciente não apaga ele apenas se fortalece quando o alcool pertuba o ego. Comoção nacional com diagnóstico precipitado mergulhado na moral é o que temos para nos aproximar nesse rebanho que somos. Enquanto não procurarmos entender o corpo não saberemos utilizar de forma adequada nossa conciência. Somos todos vítimas de nossa própria cultura. A cultura da pena, da dor, da tristeza, do pobre coitado, das emoções extremas, mas nunca da razão.