O comportamento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, é tão repugnante e antidemocrático que chega a dar pena, além de revolta é claro. Desarquivar um projeto que torna lei o "Dia do Orgulho Hétero" é de uma falta de capacidade de analisar os dados históricos, que chego a duvidar se esse deputado já teve alguma vez na vida aula de história ou de filosofia, ou até mesmo que more no Brasil. As notícias de violência, seja ela física ou psicológica, contra homossexuais nesse país são muitas. Mas no caso desse deputado só posso achar que se trata de algum tipo de ressentimento (nesse caso, Freud, explicaria), além de uma boa dose de fanatismo religioso.
É impressionante como existem alguns deputados, no nosso congresso, que deveriam voltar para a escola por falta de entendimento sobre a natureza humana. Parece que nunca fizeram uma leitura sobre psicanálise, ou talvez nunca ouviram falar de Freud, Kinsey, Skinner, Yung e tantos outros.
Votamos em qualquer um para ser deputado. Nem sabemos ao certo para que serve um parlamentar. Se o povo soubesse da importância, e quanto custa cada um dos deputados, ou senadores, que temos, seríamos muito mais seletos e responsáveis na hora do voto. Uma democracia fragilizada tem dessas coisas, infelizmente. Quanto mais pensamos que o povo vai fazer com que o nosso congresso seja mais democrático votando em pessoas inteligentes, diplomadas, ou sensíveis ao sofrimento humano, mesmo porque não é preciso necessariamente ter um diploma para ser sensível as dores e sofrimento alheio, o que vemos é uma maioria de parlamentares que seguem uma ideologia de direita e muitos fanáticos religiosos que usam de sua religião para fazer proselitismo e angariar mais votos. Sendo que muito desses partidos, de base religiosa, estão entre aqueles com alto índice de denúncias de corrupção. O que confirma que ser pastor, bispo, ou seja lá o que for, não faz com que sejam diferentes dos demais, simplesmente, porque tem em sua base, muitos crentes do evangelho. O poder pode corromper qualquer um, ninguém está a salvo só porque vai para uma igreja depois da última sessão do plenário. O que você me diz de termos na última eleição um candidato a presidente, pastor, extremamente neoliberal?
Já ouvi muitos amigos meus dizerem que o congresso é formado de acordo com a "cara" do povo. Mas eu sempre insistia em contrariar, dizendo que existe a alienação social, o analfabeto político e coisa e tal. No entanto, apesar de continuar acreditando ainda nas minhas convicções, sobre esse fenômeno do eleitor brasileiro, eu também estou, ultimamente, pensando melhor sobre a "cara do congresso é a cara do povo". Mesmo porque a formação atual do congresso é uma das mais preocupantes dos últimos doze anos para a nossa jovem democracia brasileira. O que é lamentável, porque ao invés de progredirmos estamos, infelizmente, retrocedendo. O que é assustador para quem sonha com mais liberdade.
Como eu não quero terminar esse texto sem boas perspectivas, insisto em acreditar que o nosso crescimento na educação superior possa nos ajudar, daqui a uns quinze ou vinte anos, a sair dessa onda de obscurantismo. Afinal, a idade média já passou.
